Agente financeiro é contratado para estruturar projetos de ferrovias

Site Barra/Valor – A Petrocity Ferrovias contratou a Euromax como agente financeiro para cuidar da estruturação financeira dos projetos de ferrovias e já começou a negociar com investidores participação nos projetos de três trechos de ferrovias em Minas Gerais. Em agosto, a companhia assinou protocolo de intenções com o governo de Minas Gerais para investir R$ 16,8 bilhões no Estado. A empresa vai construir três ferrovias, com 2.068 quilômetros de extensão total, que passarão por Minas, ligando Goiás e o Distrito Federal ao Espírito Santo.

O CEO da Petrocity, José Roberto Barbosa da Silva, disse que a Euromax já fez estudos de ‘valuation’ (montante pelo qual o negócio é avaliado) e começa a negociar com interessados o financiamento da operação.

A previsão é que os investimentos comecem a ser feitos em 2023, com conclusão dos projetos em 2032. “Os recursos serão 100% privados. Uma parte do investimento deve vir de aportes feitos por grandes empresas parceiras e outra parte será financiada. Estamos fazendo uma estruturação com ‘payback’ curto, com taxa de retorno positiva em 12 anos”, afirmou o CEO, sem detalhar valores.

O executivo disse que há grandes empresas interessadas em aportar recursos na Petrocity para se tornarem sócias nas ferrovias. “Os investidores interessados que estão nos procurando são do setor logístico, mais estrangeiros que do Brasil. Também há empresas interessadas em participar como sócias. São tradings, empresas de commodities, mineradoras”, disse Silva. As negociações por enquanto seguem em sigilo, segundo o executivo.

O escritório Bento Muniz Advocacia atua como assessor jurídico. A construção das ferrovias ficará a cargo da OEC Engenharia e Construção (Odebrecht Engenharia).

Na semana passada, a Petrocity recebeu os termos de referência do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) para dar início aos projetos de construção.

O termo de referência indica as diretrizes a serem adotadas para a elaboração do estudo de impacto ambiental, que já começou a ser feito, segundo a companhia. Os traçados dos três trechos de ferrovias já têm aprovação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A Bios Soluções Ambientais foi contratada para cuidar da parte de regularização fundiária.

A previsão é que os investimentos comecem a ser feitos em 2023, com conclusão das ferrovias em 2032. “Vamos trabalhar para antecipar o prazo, colocar ferrovias para operar já em 2030”, afirmou Silva. Durante as obras, a expectativa é gerar 2 mil empregos diretos.

Os três trechos vão percorrer 62 cidades, sendo 40 delas em Minas Gerais. A Estrada de Ferro Juscelino Kubitschek (EFJK) terá 1.310 quilômetros de extensão e vai ligar Brasília a São Mateus (ES), passando por regiões de Minas Gerais como Vale do Jequitinhonha, Vale do Mucuri e Vale do Rio Doce. A expectativa da companhia é que a ferrovia seja utilizada para escoar a produção de rochas ornamentais produzidas no norte de Minas e a produção de lítio. A EFJK receberá R$ 12,5 bilhões em investimentos.

Outro trecho a ser construído é a Estrada de Ferro Vitória Minas (EFMES), com 243 quilômetros de extensão, que vai ligar Ipatinga (MG) a Barra de São Francisco (ES).Essa ferrovia vai demandar investimento de R$ 3 bilhões.

O terceiro projeto é da Estrada de Ferro Planalto Central (EFPC), com 422 quilômetros, ligando Unaí (MG) a Mara Rosa (GO). O investimento na ferrovia é estimado em R$ 1,2 bilhão. As ferrovias serão de bitola mista e vão operar cargas de produtos agrícolas, rochas ornamentais, minerais, cargas líquidas e carga geral.

Além das ferrovias, serão construídas dez unidades de transbordo e armazenagem de cargas, com 1 milhão de metros quadrados de área cada, sendo sete nas cidades mineiras de Ipatinga, Governador Valadares, Barra de São Francisco, Teófilo Otoni, Grão Mogol, Montes Claros e Unaí. Duas unidades serão instaladas no Espírito Santo e uma em Goiás.

Essas unidades permitirão a interligação do modal rodoviário com o ferroviário. As unidades de transbordo devem ficar prontas entre 2026 e 2028. “Não estamos olhando só o transporte de cargas de exportação e importação. Estamos olhando as plantas produtivas ao longo do percurso. Estamos pensando em criar uma malha unindo Goiás, Distrito Federal, Minas e Espírito Santo”, disse o CEO.

“Minas Gerais tem uma posição estratégica, entre o Centro-Oeste e os portos. A expectativa é atrair outros investimentos em ferrovias no Estado, podendo chegar a até R$ 80 bilhões de aportes”, afirmou o secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Fernando Passalio. De acordo com o secretário, o Estado tem potencial para dobrar a quantidade existente de ferrovias, com aumento de 5 mil quilômetros de estradas de ferro.

Passalio observou que, além do Marco Legal do Transporte Ferroviário, do governo federal, Minas Gerais tem legislação própria para impulsionar o modal ferroviário. O secretário disse que outros investimentos em ferrovias devem ser anunciados nos próximos meses. O Estado, segundo Passalio, atraiu desde janeiro de 2019 aproximadamente R$ 267 bilhões de investimentos privados. Desse total, 56% já estão em andamento.

Foto: captura de tela Site Barra

Fonte: Site Barra/Valor – Por Cibelle Bouças (https://sitebarra.com.br/v7/agente-financeiro-e-contratado-para-estruturar-projetos-de-ferrovias.html)

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