Com investimentos e economia crescendo acima do esperado, importações da indústria avançam no RS

Gaúcha ZH – Peso da inflação no preço dos produtos também tem participação nesse processo

Diante do investimento em linhas de produção e peso da inflação nos preços, as importações da indústria do Rio Grande do Sul apresentaram avanço neste ano. Em setembro, o Estado registrou US$ 1,4 bilhão em compras do mercado externo, avanço de 9,2% em relação ao mesmo mês de 2021. No acumulado até o nono mês do ano, o montante está em US$ 10,9 bilhões, crescimento de 31,3% ante o mesmo recorte de tempo de 2021. Em ambos os recortes, a maior parte desse volume, cerca de 97%, fica dentro da indústria (veja mais abaixo). Os dados são da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). 

Os segmentos de máquinas e equipamentos e de veículos automotores, carrocerias e reboques têm destaque nesse processo no período mais recente dentro da indústria. Economia crescendo acima do esperado diante de impulsos fiscais, reativação de linhas de produção afetadas pela falta de insumos e necessidade de renovar fábricas ajudam a explicar o investimento de algumas indústrias, segundo especialistas. 

O resultado de setembro foi puxado pelas categorias de combustíveis e lubrificantes (85,7%) e bens de capital (21,9%), que são itens usados para a fabricação de outros produtos. O economista-chefe da Fiergs, André Nunes de Nunes, afirma que o avanço de bens de capital é provocado por uma série de fatores, como sequência do investimento da indústria e confiança diante de uma demanda aquecida. Isso ocorre na esteira do crescimento da economia do país, que avança acima do esperado, segundo o economista:

— A gente tem de ter, como pano de fundo para crescimento de importação, crescimento econômico. Quando a economia está crescendo a importação automaticamente avança também. E o Brasil vem crescendo até acima do esperado neste ano com essas medidas de retomada econômica, de impulso fiscal. 

No âmbito geral das importações, Nunes destaca a importância do segmento de veículos automotores, carrocerias e reboques. Esse ramo teve alta de 40,2% nas compras externas em setembro, maior salto percentual entre os setores da indústria no mês levando em conta a participação. Reorganização das cadeias de insumos e o fato de o Estado ser a porta de entrada de alguns produtos comprados de países da América do Sul pelo Brasil ajudam a entender esse movimento, segundo Nunes:

— O segmento de veículos automotores estava muito atrasado nos últimos meses diante dessa crise de semicondutores. Agora, tem um crescimento na oferta, que começa a ser restabelecida.

Nunes também cita o peso da inflação no preço dos produtos dentro desse processo. Os valores de alguns itens subiram diante da inflação que afeta o mundo, o que acaba refletindo no custo de importação, segundo o especialista. O economista lembra que o ingresso de itens solicitados em períodos com juros mais baixos em meses anteriores e expectativas de crescimento também entram nesse processo de alta de importações. 

A economista Maria Carolina Gullo, professora da Universidade de Caxias do Sul (UCS), afirma que o avanço nas compras bens de capital, expressada em aquisição de máquinas e equipamentos, faz parte de um movimento de renovação das linhas de produção: 

— Nós estamos importando tecnologia. Esse é o tipo de importação que não é tão ruim, porque as empresas estão procurando renovar e modernizar seu parque fabril, adquirir mais tecnologia para ser mais eficiente na produção.

As fontes ouvidas pela reportagem de GZH avaliam que a continuidade dos investimentos deve seguir aquecida nos próximos meses, até o fim do ano. Já o cenário para 2023 carrega mais incerteza diante das eleições no Brasil e possibilidade de recessão em países desenvolvidos. 

Renovação da produção

A professora da UCS destaca que esse movimento é observado com mais intensidade em empresas das áreas de metalmecânica, de móveis e de veículos automotores, incluindo a parte agrícola.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers), Claudio Bier, afirma que o setor também apresentou crescimento nas importações nos últimos meses. Busca de insumos, como semicondutores, e a necessidade de ampliar as linhas de fabricação para atender à demanda ainda aquecida no setor ajudam a explicar esse movimento, segundo o dirigente:

— Como houve uma demanda, tivemos de produzir mais. Precisou de mais máquinas e modernizar a produção. 

A demanda do segmento de máquinas agrícolas e de veículos automotores, principalmente da linha pesada, acaba respingando no setor metalmecânico. O vice-presidente Relações Institucionais do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs), Ruben Antonio Bisi, cita a busca por atualização por parte das empresas após período com represamento em investimentos: 

— Esse polo automotivo aqui da Serra começa a se modernizar. Em automação, equipamentos, máquinas a laser, de solda automatizada. Teve uma importação muito grande aqui.

Foto: captura de tela Gaúcha ZH

Fonte: Gaúcha ZH (https://gauchazh.clicrbs.com.br/economia/noticia/2022/10/com-investimentos-e-economia-crescendo-acima-do-esperado-importacoes-da-industria-avancam-no-rs-cl9gcx87j0015018whroc5en1.html)

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