Fundo Farallon avança em acordo para vender ativo para CSN

Aquisição da Cimento Elizabeth, que tem fábrica no Estado da Paraíba, é avaliada em R$ 1,1 bilhão

O grupo CSN, que reúne negócios de aço, mineração de ferro, cimento, ferrovia e energia e é conduzido pelo empresário Benjamin Steinbruch, está prestes a fechar a compra da Cimentos Elizabeth, que pertence ao fundo Farallon. O negócio, avaliado em R$ 1,1 bilhão e que deverá ser pago à vista, já teve o consenso das duas partes — está agora pendente de detalhes, principalmente jurídicos, e questões contratuais, conforme apurou o Valor.

De acordo com pessoas próximas ao negócio, a expectativa é anunciar o acordo antes do fim desta semana. A cimenteira, que foi montada pela família Crispin (dona da Cerâmica Elizabeth), passou às mãos do Farallon, de Daniel Goldberg, em agosto do ano passado. Ele recebeu o ativo como pagamento de dívidas da família.

Com início de operação em 2015, a empresa tem fábrica localizada em Alhandra, na Paraíba, com capacidade de produção de 1,2 milhão de toneladas por ano. O grupo detém cerca de 30% do mercado de cimento do Estado.

A Companhia Siderúrgica Nacional, que controla a CSN Cimentos, confirmou no dia 9 de junho que estava em tratativas com a Farallon, após o Valor informar que o fundo e a companhias estavam em negociações exclusivas avançadas. Procurados ontem, o Farallon e CSN não comentam o assunto.

A aquisição da Elizabeth é um passo importante no projeto de crescimento da CSN no negócio de cimento e mais um movimento de consolidação do setor, que conta hoje com 23 grupos produtores e capacidade ociosa de produção ainda na faixa de 30%.

O ativo vai permitir que a CSN Cimento passe da sexta para a quinta posição no ranking de produtores do país em termos de capacidade instalada. Atualmente, a empresa de Steinbruch está apta a produzir 4,7 milhões de toneladas por ano em duas fábricas – uma em Volta Redonda (RJ) e outra em Arcos, Minas Gerais.

Para acelerar seu plano, em maio a CSN Cimentos registrou pedido de listagem na B3, estimulada pelo bem-sucedido processo de IPO da CSN Mineração, que levantou R$ 5,2 bilhões no início do ano. A oferta primária da cimenteira tem a intenção de levantar ao menos R$ 2 bilhões.

Os recursos, segundo apresentações a investidores feitas pela direção da CSN, serão destinados para seu processo de crescimento, seja por projetos orgânicos (novas fábricas e expansões das atuais) seja por aquisições de ativos. Atualmente, a CSN tem planos para novas fábricas no Pará, Ceará, Sergipe e Paraná. E um projeto de expansão de Arcos, para 1,2 milhão de toneladas/ano.

A CSN também é apontada como um dos principais grupos interessados nos ativos da LafargeHolcim no Brasil, que colocou seus ativos à venda em abril.

A ambição da CSN é figurar entre as líderes do setor, que tem a Votorantim Cimentos com 30% do mercado, seguida da InterCement, com 15% e que também registrou oferta pública de ações na B3. A LafargeHolcim é o terceiro no ranking. À frente da CSN estão ainda Buzzi / Brennand e Cimento Mizu.

O momento é bom para a indústria do cimento no país. Depois de enfrentar uma crise profunda de 2015 a 2018, com retração acumulada de 27% nas vendas, o consumo se recuperou a partir de 2019, com aumento de 3,4%. No ano passado, estimulado pela autoconstrução e o mercado imobiliário, cresceu 11%. As perspectivas para este ano, com vacinação contra a covid-19 e a retomada da economia, são, neste momento, de alta de 5% a 7%.

A CSN trabalha com projeções de crescimento médio de 6,5% ao ano do consumo de cimento no país, entre este ano e 2025.

Se as negociações com a CSN desandarem, o Farallon deverá abrir um processo formal de venda para o ativo. Há outros três grupos interessados no negócio, de acordo com fontes.

Fonte: Valor Econômico (https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/06/22/farallon-avanca-em-acordo-para-vender-ativo-para-csn.ghtml?utm_source=valorinveste&utm_medium=referral&utm_campaign=materia)

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