Mercadante diz que BNDES não terá TJLP de volta, mas defende TLP mais ‘estável’

Valor Econômico – Aloizio Mercadante, que assumirá em breve como novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), afirmou em entrevista à jornalista Míriam Leitão, na GloboNews, que não irá retomar a Taxa de Juros de Longo Prazo (TLP), em empréstimos concedidos pelo banco (taxa subsidiada e extinta no governo Temer).

No entanto, Mercadante diz que será proposta ao Congresso uma mudança na Taxa de Longo Prazo (TLP) – mais alinhada às taxas de mercado – para torná-la mais “estável”, informa a jornalista em sua coluna desta quinta-feira (12) no jornal “O Globo”.

“É lei, o BNDES não pode alterar a TLP, vamos tirar esse fantasma. Mas ela tem um problema: a volatilidade. A inflação que entra no cálculo é a inflação do mês. Quando a inflação sobe num mês, a taxa sobe e arrebenta o pequeno empresário. Ela precisa ser mais estável com um cálculo de três meses. Além disso, os juros são os da NTNB de cinco anos. Ela tem estado acima da Selic. Não estou falando em subsídio, mas não faz sentido cobrar muito acima do custo do governo para se financiar. Não vou competir com o setor privado, mas quero trabalhar para permitir um crédito mais barato, em parceria com o setor privado”, afirmou ele à colunista.

Na entrevista, Mercadante negou, ainda retomada de política de “campeões nacionais” já performada pelo banco no passado. Nessa política, grandes empresas brasileiras recebiam crédito subsidiado do banco, como incentivo para maior crescimento e perspectiva de internacionalização. Mercadante chegou a classificar a estratégia como “página virada” à colunista do jornal “O Globo”.

“As empresas que têm acesso ao mercado de capitais não precisam do BNDES. O banco pode apenas fazer parceria com o setor privado para o alongamento dos prazos nos projetos de infraestrutura. Isso já foi superado, é página virada”, disse Mercadante à colunista.

O futuro presidente do banco comentou ainda sobre transferências de recursos do BNDES ao Tesouro. Ele disse que o banco recebeu R$ 420 bilhões e já devolveu R$ 540 bilhões. “Falta uma parcela de R$ 24 bilhões e eu vou conversar com o TCU e a Fazenda para jogar isso para o segundo semestre porque precisamos tomar pé da situação. O ideal é uma relação de equilíbrio entre o banco e o Tesouro”, afirmou ele.

Mercadante confirmou ainda que haverá, no banco, uma comissão de estudos estratégicos com André Lara Resende, e José Roberto Afonso, que vai fazer sugestões sobre questões específicas. Afirmou, ainda, estar trabalhando em sintonia com Fernando Haddad, novo ministro da Fazenda.

Mercadante aproveitou também para citar projeto futuro em sua gestão no banco de, com recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), acelerar a digitalização das escolas públicas. O petista afirmou ainda que o BNDES será “digital, verde e inclusivo”.

Foto: captura de tela Jornal Valor Econômico

Fonte: Valor Econômico (https://valor.globo.com/brasil/noticia/2023/01/12/mercadante-diz-que-bndes-nao-tera-tjlp-de-volta-mas-defende-tlp-mais-estavel.ghtml)

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